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Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, modernismo, modernismo brasil, Oswald de Andrade, semana da arte moderna
Em fevereiro de 1922 aconteceu um evento em São Paulo que revolucionou a Arte e a literatura brasileira. A semana de Arte Moderna foi o marco inicial que rompeu com os padrões artísticos até então conhecidos (europetizados) e trouxe a valorização da cultura, linguagem, expressões e do cotidiano brasileiro.
Os principais artistas modernistas dessa época foram: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia e Manuel Bandeira. Essa importante festividade causou um grande alvoroço tanto por parte da imprensa,quando pela população, afinal, estava sendo exposta uma nova concepção de arte e literatura.
Eram diversas propostas de inovação na literatura, entre elas o rompimento com o passadismo e academismo, negação da gramática normativa e da estrutura sintática, e os versos passaram a ser livres. Houve uma ruptura com as normas fixas, exceto nos sonetos. A valorização do cotidiano brasileiro se tornou uma crítica social frente às elites, na qual também se utilizava humor, sarcasmo e muito nacionalismo.
Nos poemas abaixo é possível notar essas características:
Texto II
As meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha
(Oswald de Andrade)
Nesse poema é notória a presença da linguagem simples, mas também a preservação da formal (Com cabelos mui pretos pelas espáduas), versos livres (Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis), a valorização da mulher e do cotidiano da cultura brasileira(Que de nós as muito bem olharmos Não tínhamos nenhuma vergonha). O rompimento com o academismo.Negação da gramática formativa de maneira estruturada.
Texto III
Risco
Um poema livre
da gramática, do som
das palavras
Livre de traços
Um poema irmão
de outros poemas
que bebem a correnteza
e brilham
pedras ao sol
Um poema
sem o gosto
de minha boca
livre da marca
de dentes em seu dorso
Um poema nascido
nas esquinas nos muros
com palavras pobres
com palavras podres
e, que de tão livre,
rasga em si a decisão
de ser escrito ou não
(Oswald de Andrade)
Esses novos modelos de escritas caracterizaram nossa identidade nacional e possibilitaram que os artistas se coligassem com as mesmas convicções ideológicas.
Este poema de Oswald de Andrade rompe com as formas fixas da gramática, os versos são livres e sem rimas (Um poema livre da gramática, do som das palavras). Há também certo sarcasmo quando diz que havia uma decisão de ser escrito ou não, de tão simples e inovador que era.
O poema por si demonstra a intenção do autor em evidenciar que para compor um poema não era necessário seguir padrões de gramática normativa e estrutura sintática. (Livre de traços)
A ideia não era negar as atribuições outrora herdadas do classicismo burguês(Um poema irmão de outros poemas), mas sim de uma construção literária que retratasse e valorizasse a cultura, demonstrasse as expressões, emoções, cores e todos os elementos que compunham com o dia a dia dos brasileiros nesse período. (Um poema nascido nas esquinas nos muros com
palavras pobres com palavras podres).
Esses autores modernistas foram grandes protagonistas da história. Na medida em escreviam esses poemas e relatavam os fatos dessa época, faziam várias críticas sociais. Suas escritas são consideradas além de poemas literários, documentos históricos constatam a história Brasil.
Referências:
Camilo, Silvana. Literatura brasileira II / Silvana Camilo — Umuarama: Unipar, 2016. 141 f.ISBN: 978-85-8498-128- 1.Literatura Brasileira. 2. Ensino a distância – EAD. I.Universidade Paranaense. II. Título.(21 ed.) CDD: B869.09