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cartesiana, diacronia, estruturalismo, Ferdinand Saussure, gramática de Port-Royal, linguagem verbal, linguística, Linguística Geral, Port-Royal, significado, significante, signo linguístico
A linguística é por definição a ciência que estuda a linguagem humana do ponto de vista oral e escrito. O filósofo Platão acreditava que a linguagem era irregular por refletir a própria irregularidade na natureza. O nome dos objetos se assemelhava aos próprios objetos. Já Aristóteles tinha o viés da arbitrariedade, ou seja, a irregularidade da linguagem acontecia devido à convenção social, para estes, até mesmo as onomatopeias podem variar de acordo com o sistema fonológico de cada língua.
No século XVII, a gramática de Port-Royal trouxe a visão de que a língua é como um produto da razão, e as diferentes línguas são variedades de um sistema lógico e racional geral. A linguística cartesiana , ou gramática gerativa de base racionalista, elucida que há uma estrutura linguística mental capaz de explicar a natureza, o surgimento e o desenvolvimento da competência e o desempenho dos falantes.
Três séculos depois, Ferdinand Saussure definiu a língua como um sistema no qual os elementos se definem pelas razões de equivalência ou oposição, que mantém com outros elementos. A diacronia estuda a evolução das formas linguísticas ao longo do tempo e a sincronia avalia a língua com base em um momento temporal específico.
Para que a linguística fosse aceita como ciência era necessário a definição do objeto e um método para que esse objeto fosse estudado. O suíço Saussure apresentou tais requisitos através do estruturalismo. Todo conhecimento da linguística do século XX originou na França através desse professor e do curso ofertado por ele de Linguística Geral.
Saussure inspirou-se em dois pensadores, Karl Marx e Durkheim, e expos que para ocorrer um fato social é necessário existir generalidade, exterioridade e coercitividade. O esboço de sua maior obra foi culminado de três cursos de linguística geral, ministrados na cidade de Genebra e foi publicado posteriormente por dois de seus discípulos, englobando as anotações das aulas de Saussure e as próprias.
O fascículo expõe claramente o objeto da ciência que é a língua, isola ou distingue esse objeto dos demais fatos da linguagem. A língua é oposição da fala, para Saussure, a língua é a mediação entre o pensamento e os sons. Também pode ser vista como o domínio das articulações das ideias que se fixam através dos sons formando articulus. A língua é portanto um sistema em que os termos são solidários e o valor de um, resulta da presença simultânea dos outros.
A definição do signo linguístico serviu para a construção epistemológica linguística como ciência. O signo linguístico é fruto da associação entre uma imagem acústica- significante e um conceito- significado. A imagem acústica é uma representação psíquica dos fonemas que compõem o signo. O conceito é um processo de construção do significado no pensamento. Ou seja, o signo linguístico é composto da associação de um significado a um significante.
Ferdinand Saussure opõe à língua à fala, sendo a língua um fator social e psico e a fala individual. Entretanto, a língua não se realiza senão a fala. O falante busca as palavras para formar o enunciado- eixo sintagmático, ou seja, é consequência da aplicação das relações sintagmáticas sobre o eixo pragmático. Todo esse processo de composição e recomposição do enunciado, resulta no caráter social da língua que garante a comunicação através da linguagem verbal.
O professor suíço associou o nome linguístico interno àquela que estuda a língua e linguística externa aos estudos da fala, literatura e escrita. Mas é comum a linguística se separar apenas da literatura. Não podemos negar que os estudos linguísticos de Saussure no século XX, foi o estopim para outras teorias. Todas essas correntes linguísticas sejam elas formalistas ou funcionalistas, são tendências de uma visão estrutural da língua que devem ser estudadas diacronicamente e sincronicamente.
Referências
REVELLI – Revista de Educação, Linguagem e Literatura da UEG-Inhumas ISSN 1984-6576–v. 3,n.2–outubro de 2011 – p. 38-55– http://www.ueg.inhumas.com/revelli.
RODRIGUES, Rômulo da Silva Vargas. Saussure e a definição da língua como objeto de estudos. ReVEL. Edição especial n. 2, 2008. ISSN 1678-8931 [www.revel.inf.br].
U58L UNIPAR – Universidade Paranaense. Linguística estrutural e gerativa / Jaqueline Cerezoli (Org.). – Umuarama: Unipar, 2015. 75 f. ISBN: 978-85-8498-022-2 1. Linguística. 2. Ensino a distância – EAD. I. Universidade Paranaense. II. Título. (21 ed.) CDD: 410