A frase “boys don´t cry” na música da banda britânica The Cure está em démodé segundo dados de pesquisa que vêm estudando os comportamentos psicossociais do gênero masculino.
O pesquisador inglês Richard V. Reeves aponta que a “crise dos meninos e homens” é recorrente por causa das mudanças econômicas, políticas e sociais que vêm ocorrendo a nível mundial e das divisões de trabalho.
Os empregos que anteriormente eram definidos como “empregos para homens” davam a eles a garantia e a segurança de que seriam bem-sucedidos e teriam espaços, mas hoje esses conceitos os garantem nada.
Em contratempo, as mulheres estão em ascensão. Por volta de 1970 as mulheres começaram a ocupar o mercado de trabalho, universidades e estão “tomando” cargos que outrora eram ocupados somente por homens. Isso fez com eles “perdessem” sua zona de conforto e entrassem em colapso do que a sociedade, as mulheres e eles próprios esperam de si mediante ao “papel dos homens” no seu meio social.
Os dilemas que permeiam são: o que os homens querem? O que significa ser homem nos tempos atuais? O que os meninos querem e imaginam para eles? Em quem eles se inspiram?
Através desse levantamento foi possível observar que eles não têm a mínima ideia de como responder esses questionamentos, ainda estão com pensamentos retrógrados e estão com dificuldade de acompanhar o desenvolvimento e a inserção das mulheres no meio corporativo. Entretanto, sabem que os seus “postos” de “macho provedor” estão ameaçados.
Mediante isso, surgiu a “crise de meninos e homens” que demonstra que eles estão perdidos em todos os aspectos. Estudos apontaram que de 40 anos para cá, eles têm sofrido exacerbadamente e estão mais depressivos e solitários. Além de que os números de suicídios entre os meninos mais jovens são cinco vezes maiores do que entre as garotas.
Quando o assunto é educação, os homens também estão em desvantagens. Atualmente, eles têm 50% a menos de proficiência nas disciplinas básicas escolares em relação as mulheres, reprovam mais nas séries iniciais e ingressam menos nas universidades.
Em relação ao ciclo familiar, pesquisas demonstraram que um em cada cinco não moram com os filhos, ou seja, as mulheres ultrapassaram os homens nos critérios de educação, carreira profissional e âmbito familiar.
Alcoolismo, uso de substâncias ilegais e ilícitas e o aumento exorbitante de suicídios entre os homens e meninos fizeram com que os Estados Unidos e o Japão entrassem em alerta criando projetos bipartidários voltados à saúde masculina para tentar amenizar a situação.
Frente a esse cenário caótico, o que podemos observar é que ainda há desigualdade e uma inadaptação dos valores de gênero a nível mundial. Segundo o último Relatório Global de Desigualdade de Gênero, estima-se que serão necessários 132 anos para a equidade de gêneros esteja em compatibilidade. Mas até lá, como ficarão os homens e os meninos? Ainda continuaremos a afirmar que “boys don´t cry”?
Referências:
A crise de meninos e homens. Disponível em: https://valor.globo.com/opiniao/coluna/a-crise-de-meninos-e-homens.ghtml Acesso: 05/06/2023.