No Brasil, cerca de 18% da população apresenta sintomas de Burnout – praticamente um em cada quatro trabalhadores brasileiros, segundo um estudo da Universidade de São Paulo (USP). Este número pode ser mais alarmante devido à falta de informação, detecção, normalização dos sintomas e do silenciamento dos trabalhadores mediante o caso.
Existe uma distinção entre cansaço, exaustão e Burnout. Cansaço é quando a pessoa se sente cansada, mas consegue descansar e depois fica bem. Isso não afeta em nada a vida social, entretanto, vale lembrar que o cansaço pode ser físico ou mental e merece atenção.
Já a exaustão é mais complicada, normalmente ela vem acompanhada de um estresse acumulado, em que a pessoa se sente cansada o tempo todo e não consegue descansar. O endocrinologista e nutrólogo David Paliari Zuin, do Hospital São Francisco, em Mogi Guaçu (SP), diz que: “… o indivíduo já apresenta pensamentos negativos, falta de vontade de fazer as coisas, perda de sono, ansiedade acentuada, irritabilidade, entre outras características físicas como alergias, gastrites e enxaqueca”.
Esses sintomas nem sempre estão atrelados ao trabalho, podem ser um acúmulo de tarefas entre vida pessoal e profissional, em que é necessário se reorganizar, mudar o estilo de vida e procurar um especialista para verificar se há necessidade de uma medicação.
Burnout é quando o sujeito negou a exaustão. É como se a pessoa fosse um carro que ficasse trabalhando com o combustível na reserva por muito tempo e começasse a desgastar o motor. Esse tipo de transtorno está totalmente vinculado ao trabalho, onde o colaborador trabalha com demandas altamente superiores aos recursos disponíveis, como afirma Zuin: “A síndrome de Burnout é o resultado direto do acúmulo excessivo de estresse, de tensão emocional e de trabalho, e é bastante comum em profissionais que trabalham sob pressão constante…”.
O que diferencia um Burnout de uma exaustão é a despersonalização, ou seja, a indiferença diante das atividades cotidianas que antes causava prazer, falta de perspectiva na vida e no trabalho, com hostilidade com as pessoas próximas, sem contar com os desconfortos dos terríveis sintomas físicos que ficam cada vez mais predominantes.
A consultoria EDC, por meio de um levantamento, evidenciou que as mulheres entre 35 e 44 anos são as mais prejudicadas e mais propícias a desenvolver a síndrome por estarem altamente engajadas e comprometidas com suas carreiras. Prazos imediatos, acúmulos de tarefas e funções, ambientes opressivos, baixa valorização e remuneração criam uma tensão constante nos trabalhadores findando em depressão, ansiedade e consequentemente em Burnout. Pang e Gallagher declaram que: “O Burnout é um problema da organização, que é deixado para o indivíduo resolver. Se as práticas de trabalho estão levando ao Burnout, os empregadores agora têm obrigação significativa de retirar seus funcionários da beira do precipício”.
Ainda não há uma “receita mágica” que elimine esse problema de vez por todas do universo corporativo, mas é evidente que necessitamos redefinir melhor as horas de trabalho, equilibrando a vida pessoal com a profissional. Parece óbvio, mas também precisamos exterminar as horas de trabalho não remuneradas, melhorar a valorização dos profissionais, evitar o acúmulo de funções e metas inalcançáveis. Pang completa: “Na verdade, precisamos descobrir se vale a pena fazer os sacrifícios que nos colocam em risco de Burnout para proteger nossos empregos e carreiras”.
O fato é que estamos cansados e o Burnout está longe de ser extinto. As empresas, apesar de estarem em estado de alerta sobre o tema, pouco tocam no assunto ou promovem ações que constatem ou que previnam essa síndrome em seus funcionários. Cabe ao trabalhador, na maioria dos casos, buscar alternativas e estratégias que diminuam esses sintomas causados pelo trabalho e buscar assistência médica.
Referências:
À beira do burnout: mulheres se sentem mais sobrecarregadas com o excesso de trabalho. Disponível em: https://exame.com/carreira/burnout-mulheres-sobrecarregadas-trabalho/ Acesso:01//06/2023.
Burnout: como reconhecer os sinais. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/videos/animacoes/burnout-como-reconhecer-os-sinais/ Acesso:01//06/2023.
É possível evitar o burnout? Disponível em:
https://g1.globo.com/saude/noticia/2023/03/22/e-possivel-evitar-o-burnout.ghtml Acesso:01//06/2023.
Esgotamento mental nem sempre é burnout. Disponível em:
https://drauziovarella.uol.com.br/psiquiatria/esgotamento-mental-nem-sempre-e-burnout/ Acesso:01//06/2023.
Saúde mental: 1 a cada 4 pessoas sofre de Burnout no Brasil. Disponível em:
Síndrome de Burnout. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sindrome-de-burnout Acesso:01//06/2023.